Treze são os artistas provedores do Almoço para Oswald de Andrade, autor do Manifesto Antropófago/ 1928 hoje, exercido e cultuado a partir das variadas conceituações, interpretações e do reconhecimento da diversidade e da pluralidade cultural. Cada artista criou um grupo de pratos, formando um elenco de treze conjuntos que sobrepostos montam uma obra, excitante. Dispostos nos trinta metros de extensão da toalha branca, estendida sobre o verde do piso dos jardins da Bienal, os pratos brincam com o conceito ortodoxo da criação da obra de arte única e com o processo de apropriação, deglutição, retenção e eliminação dos traços e da finalidade cultural da obra de arte, manifestos na concepção artística e no seu uso. Em bloco, os pratos exercem a performance de intervenção artística, apresentados no jardim, area externa da Bienal, porem, cado um dos conjuntos seja montado na parede, bidimensional, adquire estatus de obra de arte única e conferee estatus de colecionismo ao seu dono. Caso, os pratos reivindiquem a sua função normal – circularidade, dimensão inusitada, feitos em Madeira, resistente e resinada – podem ser transformados em tampos de mesa, artísticas. Contudo, o prato remete à função social do alimento, da vida, da satisfação física e mental do homem, em defesa do direito à sobrevivência. Transformado em mesa circular, evoca o direito à reunião, da família e da sociedade e dos seus consertos, em pé de igualdade, pois quem comanda é o grupo que a circula. E, preso, à parede, o prato, promove a contemplação da invenção humana. O trabalho lúdico do “Sirva-se: Almoço para Oswald” manifesta a diversidade das funções e das apropriações de uma obra de arte, contemplada pela imaginação criadora do artista e do fruidor, que tem a virtualidade da expropriação e da destinação do objeto artístico. O Prato come a si próprio e se transforma, e assim caminha a humanidade…
Radha Abramo
Crítica de arte da Associação Internacional dos Críticos de Arte AICA França e da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA








