a casa natal, mais que um protótipo de casa, é um corpo de sonhos.

cada um desses redutos foi um abrigo de sonho. e o abrigo muitas vezes particularizou o sonho.

nela aprendemos hábitos de devaneio particular...

existe para cada um de nos uma casa onírica, uma casa de lembrança-sonho...”

Gaston Bachelard - Poética do Espaço



Quando Pássaros Por aqui...

Quando Pássaros Por Aqui é um abrigo de sonhos.
registros que compõem uma linguagem plástica,
um jeito de ser, uma forma de pensar, em construção.
Aos seis anos de idade eu tinha uma caixa cheia de recortes,
escolhidos com empatia absoluta.
Garimpava-os nas revistas e nos livros.
Essa caixa estava sempre comigo e ali dentro eu criava um mundo
o meu mundo
As imagens entravam em outras,
gerando novas paisagens e, no espaço recriado,
sentia-me menos estranha, mais livre.

Fui crescendo e minha linguagem modificava-se, sendo a mesma.
Apropriações e releituras de signos e ícones, da historia da arte
e de domínio público, foram compondo o meu processo criativo,
Leonardo da Vinci, Gauguin, Picasso, Monet, Chagall,
Van Gogh, Matisse, Magritte e tantos outros fazem parte da minha iconografia, moram no meu imaginário...

Aliando fragmentos de outdoor, achados do cotidiano, pedras,
penas, tules, folhas, fitas, texturas, tintas, lixas, caixas,
gavetas, portas, abre, fecha, guarda...
Relicários da memória foram, de maneira experimental,
transformando-se, ganhando corpo, virando objeto: objeto arte.
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